Os Desafios das Empresas em Migrar para a Indústria 4.0
Nos últimos anos vem se ouvindo falar muito sobre a quarta revolução industrial, e todos se perguntam: O que devo fazer? Minha empresa está preparada? Por onde devo começar? Como buscarei investimentos para estas mudanças?
Mas antes de procurar responder tais questionamentos faz-se necessário ressaltar alguns fatos importantes sobre este novo cenário que bate às portas de nossas empresas.
Este tema surgiu em 2012, na Alemanha, quando empresas conceituadas mundialmente, juntamente com o governo, resolveram criar eventos para debater maneiras que incrementassem a competitividade da indústria local. A exemplo dos EUA e outros países muito desenvolvidos, a Alemanha encontra dificuldades em ter empresas competitivas em um mercado globalizado. Países como Índia, China, entre outros, conseguem colocar no mercado mundial produtos de qualidade a um preço consideravelmente mais baixo.
Para entendermos o porquê desta situação é preciso voltar no tempo e analisar as últimas três revoluções industriais. Todas elas tiveram como objetivo principal o aumento de produção, ou seja, buscar maneiras de disponibilizar cada vez mais produtos a demandas de mercado cada vez maiores.
Atualmente a demanda continua grande, porém a oferta de produtos é muito maior e a única maneira de vencer ou manter-se no mercado é disponibilizar ao mercado produtos extremamente competitivos. A mão de obra cada vez mais cara e as matérias primas praticamente todas commodities levam à conclusão de que para tornar os produtos mais competitivos é preciso investir na diminuição de desperdício, ou seja, tornar os processos produtivos cada vez mais eficientes.
Para tanto, engenheiros e especialistas das maiores empresas, em diversos países, passaram a estudar maneiras de utilizarem as tecnologias disponíveis de forma coordenada e concomitante. Surgiram assim os conceitos de Smart Factory, Manufatura Avançada e Indústria 4.0, como sendo a Quarta Revolução Industrial.
Diferentes tecnologias como realidade aumentada, impressão 3D, simulação, internet das coisas, big data, computação em nuvem, entre outras, têm por objetivo tornar a fábrica digital, disponibilizar informações em tempo real, simular o processo antes de submetê-los à produção e, porque não, conectar equipamentos a outros equipamentos forma, que os mesmos, possam interagir e tomar decisões de maneira autônoma.
E o Brasil, onde se encontra? Estamos preparados para essas mudanças? Já temos estas tecnologias disponíveis por aqui? Embora muitos se submetam a estas perguntas, acredito que não são as mais corretas. Nas Revoluções Industriais anteriores, infelizmente acabamos “deixando o bonde passar”. Tanto é que ainda temos muitas empresas migrando da segunda para a terceira fase da indústria. Porém, desta vez não podemos deixar que isso ocorra. Temos a oportunidade de fazer parte da história, e não ficar só assistindo, para que possamos nos beneficiar destas mudanças. Ao analisar as revoluções anteriores pode-se perceber que cada uma delas gerou mudanças profundas, porém foram seguidas de períodos com grande crescimento econômico.
As empresas precisam começar a olhar detalhadamente seus processos produtivos; verificar se seus equipamentos estão aptos a se comunicar uns com os outros; se seus processos podem ser integrados; se seus sistemas podem interagir entre si e quais os pontos críticos. Para começar, monte uma equipe multidisciplinar e, faça com que seu departamento de Tecnologia Informação (TI) passe a contar com profissionais que conheçam de Tecnologia de Automação (TA). Além disso, faça parceiras com empresas que dominem estas tecnologias. Busque através destas empresas o conhecimento e comece a agir imediatamente em pequenas implementações. Porém sempre pense em soluções grandiosas, para todo seu processo produtivo, mesmo que decida implementá-las em um único equipamento, ou setor da empresa. Assim você não corre o risco de ter que mudar de rumo durante a caminhada.
Nosso principal desafio não está em aderir às novas ideias, mas sim, em abandonar as antigas.
Sobre o autor: Diego Arthur Driemeier
Diretor Comercial da Sequor Softwares Industriais
Formado em Engenharia Mecânica pela UFRGS e com MBA em Gestão Comercial pela FGV-RS