Organizações Exponenciais: Você está preparado?
Organizações Exponenciais: Você está preparado?
Thomas Edison não inventou a lâmpada durante a melhoria contínua da vela. O Uber ou o Airbnb não revolucionaram os mercados de transportes e hospedagem chegando aos últimos níveis de excelência destas indústrias.
Estamos vivendo tempos singulares, onde a abundância de tecnologia e o melhor acesso, pelos custos ínfimos da mesma, proporcionam a exponencialidade. Até pouco mais de 20 anos atrás, uma organização precisava deste mesmo período para alcançar 1 bilhão de dólares na bolsa de valores.
Bom, já temos um caso recente em que este feito foi alcançado em menos de 9 meses com a Oculus Rift. A revolução da tecnologia em nossas vidas é tão grande que uma criança na África Central, com um smartphone, possui milhares de vezes melhor comunicação que o presidente dos EUA há 15 anos.
Assim, começam a nascer organizações exponenciais, que em sua definição são:
“Uma Organização Exponencial (ExO) é aquela cujo impacto (ou resultado) é desproporcionalmente grande - pelo menos dez vezes maior - comparado aos seus pares, devido ao uso de novas técnicas organizacionais que alavancam as tecnologias aceleradas.” – Salim Ismail – Exponential Organizations
São organizações que percebem e usam as realidades a seguir, para causar disrupção e revolucionar mercados. Chamamos de 6Ds – Peter Diamandis e Dteven Kotler – Bold
• Digitalização: Qualquer coisa que pode ser digitalizada, representada em 0 e 1s, poderá causar exponencialidade. Da música do Spotify até testes de HIV em 15 minutos, ao invés de 24 horas.
• Disrupção: Qualquer mercado que puder ser disruptado o será, devido ao efeito que a tecnologia irá criar em desempenho e custo. Vide a morte dos CDs, a decadência de câmeras digitais...
• Desmaterialização: A convergência de tecnologias permite a desmaterialização de radios, GPS, câmeras de video e foto, mapas, scanners, lanternas para existirem em um smartphone, por exemplo.
• Decepção: Empresas passam a atingir valores de bilhões de dólares ainda ser dar lucro. A exponencialidade é tamanha na criação de novos mercados e fontes de riqueza que startups passam de valor Zero para Milhões.
• Desmonetização: A barreira do dinheiro está sendo removida de muitos mercados, na proporção em que as tecnologias ficam exponencialmente mais baratas, em alguns casos se tornando de graça. Um Iphone, hoje, possui milhares de vezes a capacidade do comuptador que levou o homem à lua, e é também milhares de vezes mais barato.
• Democratização: Uma vez que trabalhamos mais conectados e em plataformas digitais, quebramos as barreiras físicas da cooperação e mais pessoas podem contribuir.
Uma criança carente, mas que tenha um smartphone, poderá fazer as lições da Khan Academy, rompendo com a barreira financeira que a impedia de frequentar uma boa escola e com a linearidade das séries por idade.
A genialidade da inovação, muitas vezes, não está na invenção, mas na convergência entre dimensões que já estavam no mundo.
Não acredito que todas as organizações poderão se tornar exponenciais, porém acredito que toda a brecha exponencial em um mercado será ocupada por uma organização.
Então, devemos entender como elas são, nascendo de dentro das empresas que conhecemos ou vindo de fora e tudo começa pelo PTM – Propósito de Transformação Massivo, MTP se desejar em inglês.
Em uma analogia o PTM é a visão de uma empresa linear porém em uma escala gigante. Por exemplo:
• TED: “Ideias que merecem ser espalhadas”.
• Google: “Organizar a informação do mundo”.
• Singularity University: “Impactar positivamente um bilhão de pessoas”.
• Nós acreditamos em um mundo onde as pessoas pertençam, em qualquer lugar”.
O PTM é o chamamento do por que trabalhar, do por que existir. É uma causa que une as pessoas de forma transcendental.
Porém, só uma visão como esta não resulta na operacionalização de resultados, precisamos das dimensões que compõem uma organização exponencial.
Em inglês, o acrônimo que une uma visão completa da organização é IDEAS SCALE, onde a seguir o faço em português.
Internamente, a organização se estrutura com:
• Interfaces: Processos de filtragem, comparação e fluxos de trabalho que permitem à organização trabalhar com abundância de recursos do mundo exterior. Plataformas automatizadas de autoserviço no UBER, Quirky e Google unindo diversos passos em um fluxo de valor.
• Dashboards: Enormes quantidades de dados precisam de outro estilo de gestão, voltada para o tempo real, adaptável a diferentes visões e com métricas dos colaboradores. OKRs – Objetive and Key Results são um bom exemplo da revolução na gestão de empresas como Oracle, Intel, Zynga, Facebook, entre outras.
• Experimentação: A certeza de que uma falha, dentro de limites de riscos controlados, é mais uma maneira de não fazer algo e não algo que não deu certo. Empresas inovadoras tratam a falha com prêmios. Abordagens Lean, Agile e semelhantes passam a influenciar projetos e priorização de investimentos.
• Autonomia: Equipes autogerenciáveis e multidisciplinares se tornam o padrão. Na era do conhecimento, o empoderamento dos colaboradores permite criatividade, soluções mais rápidas e empreendedorismo.
• Sociais: Tecnologias como Yammer, DropBox, Appear.in, Google Docs revolucionam a cultura da empresa criando uma fórmula de alta conectividade com engajamento, gerando confiança e transparência.
Para fora, a organização se aproveita da abundância explorando:
• Equipe sob demanda: As ExOs não entendem que a melhor equipe deve ser delas. Elas se usam de plataformas como Gigwalk, TaskRabbit, Mechanical Turk e até mesmo Kaggle para acessar pessoas que são desde conferidores de produtos em prateleiras até cientistas de dados.
• Comunidade e Multidão: Aqui as organizações se usam de plataformas de Crowdsourcing para inovar, reinventar, permitindo que as pessoas resolvam apoiar a empresa de financiamento até design de produtos.
• Algoritmos: Já se fala em economia dos Algoritmos, pois eles estão em tudo. ExOs conseguem unir seus produtos com algoritmos para permitir feitos em redução de custos, inteligência e aumento de receita, que seriam inimagináveis por processos de trabalho tradicionais. Vide o que o Watson pode fazer com a acurácia de diagnóstico de imagens ou na resposta a processos legais, substituindo centenas de advogados.
• Ativos Alavancados: ExOs vivem o mundo da economia compartilhada, onde se deseja o furo e não a furadeira. Com isso, espaços de co-working e trabalho remoto substituem grandes prédios de mármore, entre outros paralelos.
• Engajamento: Feedback contínuo e tratamento personalizado permitem que técnicas como a Gamificação, Programas de Fidelidade e Ranking de Reputação criem usuários engajados que advogam pela marca e que demandam agilidade em ver suas ideias em produtos com valor maximizado dia após dia.
Entendo que o profissional do futuro, nem tão longe assim, é o Nexialista que consegue unir os negócios e a tecnologia em abordagens disruptivas.
Governos também procuram esta visão, por mais estranho que possa parecer. O Reino Unido já percebeu que ser enxuto, rápido e se usar da exponencialidade pode trazer uma vantagem competitiva para suas empresas no mundo, tão forte quando a marinha inglesa foi para o Reino Unido por 200 anos. Vide UK.GOV.
Esteja atento para oportunidades, para a revolução silenciosa que ocorre todos os dias em nossos mercados.
Uma empresa exponencial poderá sugir e atingir bilhões em valor de mercado, antes do término do ano fiscal de seu concorrente tradicional.
Você está preparado para esta imensidão de possibilidades?
Sobre o autor: Guilherme Souto