Estamos preparados para a Ciência dos Dados?
Estamos preparados para a Ciência de Dados?
Big Data, ciência de dados, data mining, machine learning... são buzzwords onipresentes no mercado de TI e além. As inesgotáveis fontes de informação disponíveis prometem maravilhas para empresas e pessoas. As tecnologias para isso estão aí, prontas para ser acionadas, bem como as diversas fontes de dados.
Não esqueçamos, no entanto, que a maioria das soluções para problemas reais, ainda passa por pessoas em diversos níveis. E o cientista de dados, que abnegadamente amealha, interpreta, limpa e trata os dados para que se tornem preciosas pepitas de informação, ou poderosos modelos preditivos, é o principal ator neste admirável mundo novo. Será essa a realidade no Brasil?
Utilizar ciência de dados é antes de mais nada, uma nova forma de decidir a respeito de coisas importantes. O ippon da lógica, dos números e modelos, sobre a intuição. Decidir a partir de evidências baseadas em informação é invariavelmente um exercício de humildade, onde estamos dispostos a abrir mão de crenças de “especialistas”, de palpite, de “gut feeling”, e até mesmo admitir que há problemas que não tem soluções óbvias ou mensuráveis.
Significa abandonar o que o brilhante psicólogo israelense Daniel Kahneman chama de “modo 1” de pensar. Significa admitir que, mesmo com décadas de experiência em uma área, podemos ainda ser muito ignorantes ou desconsiderar fatores relevantes, e cometer terríveis erros de avaliação baseados em autoconfiança excessiva e informação insuficiente.
Onde abrir minha próxima loja, quais mercados abordar primeiro, quais clientes preservar, e de quais abrir mão. São alguns exemplos para os quais encontraremos uma legião de especialistas, todos com ótimos palpites. Não se trata de descartar o conhecimento útil aprendido ao longo de anos de experiência prática. Mas sim de organizar esse conhecimento de forma que possa ser traduzido em modelos verificáveis através de dados e fatos que confirmem ou derrubem hipóteses e mais importante, prescrevam o caminho a seguir.
O tal divórcio entre “academia” e “mundo corporativo” que tantas vezes ouvimos falar no Brasil, precisa tornar-se já o caminho da reconciliação, sob pena de sermos atropelados pelos países onde já não existe mais dúvida há décadas sobre esse caminho. Onde crianças aprendem algoritmos aos cinco anos de idade.
Encontramos um exemplo logo aqui, onde o governo recentemente eleito decretou a extinção da Fundação de Economia e Estatística do estado. Poucos meses depois é publicada em Zero Hora matéria assinada por renomados estudiosos, que atestam que as duas profissões na crista da onda são cientista de dados e, pasme, estatístico. Precisa falar mais?
Sobre o Autor: Carlos Dottori
Bacharel em Ciência da Computação pela UFRGS, Pós-Graduado em Gestão pela Fundação Dom Cabral e Mestre em Administração de Empresas pela UFRGS.
Atua como empreendedor e consultor na XL7 Data Science.