Entrevista para o portal de notícias Baguete
Sílvia Somenzi - Pior que errar é não ver a coisa certa
Sílvia Somenzi tem um trabalho árduo. Sua empresa vive de gerar expansão de negócios para empreendimentos de TI e satisfação para seus clientes, o que não é fácil no universo da TI, onde, muitas vezes mais vezes do que se diz, prazos e escopo viram lendas e todo mundo acaba frustrado.
O interessante é que a convivência com o dia-a-dia dos projetos de TI, que em alguns casos só serve para gerar cabelos brancos, serviu para a Sílvia entregar uma coluna semanal para o Baguete. Num dos espaços mais lidos do site, ela publica pílulas que podem salvar projetos, carreiras e empresas do buraco.
Confira um apanhado geral das opiniões da diretora da Soluzzione na entrevista da semana do Baguete.
Maurício F. Renner
Qual é a principal dificuldade que impede as empresas de TI de crescer?
Sílvia Somenzi: O cliente compra responsabilidade, e a demonstração desta está relacionada a cada movimento que se faz. E quando digo cada movimento, é cada movimento mesmo. Isto gera segurança de que você cumprirá a sua palavra, sempre colocará “as cartas na mesa” quando algum risco ou questão não-conforme surgir e sempre será percebido como quem pensa em solução comum.
A mudança tem de ser em entender o impacto do que se faz, do que se diz, do que se recomenda e até se decide sobre o trabalho dos outros, e assim é possível a sua empresa ser percebida como colaboradora, o que faz o cliente estar aberto a atuar com a sua empresa. Acredito que qualquer cliente ou qualquer pessoa, seja em qualquer escalão da hierarquia, valoriza este posicionamento.
Estatísticas apontam que a maioria dos projetos de TI acaba decepcionando os clientes. Por que isso acontece?
Sílvia Somenzi: A reciprocidade do alinhamento faz a diferença. Principalmente para feedback do que não está bem e precisa ser ajustado, interrompido ou modificado. Tanto as empresas de TI como os clientes, às vezes toleram determinadas posições e ações que não deveriam ser toleradas e normalmente quando o processo está por estourar é que tudo vem à tona. Aí, o que poderia ter um plano “B” tendo tempo de solução, não é resolvido nem com milagre.
O ponto de ajuste está em manter o foco em resolver e sempre direcionar as ações para que nunca cheguem ao ponto em que não há solução. Quando a relação é franca e recíproca, se consegue conduzir os processos de negócios muito claramente e encontrar caminhos, desde o que se propõe até o que se entrega.
Errar é possível, mas não enxergar e não fazer o quê se deve para acertar é que é decepcionante.
Já se diz que a TI não precisa mais ser “alinhada” ao negócio, e sim “integrada”...
Sílvia Somenzi: Na verdade, não somente para TI, mas em qualquer área da empresa se estas não estiverem alinhadas à estratégia de negócio e integradas entre si não há possibilidade de se obter resultados satisfatórios e crescer. Porque a direção não é a mesma para todos e as algumas áreas podem erroneamente se entender mais ou menos que outras. Se uma área não funciona na empresa, é a empresa que não funciona.
Mas especificamente para TI acredito que o relacionamento com as demais áreas e com a forma como se percebe as necessidades e como se propõe soluções é que faz a diferença para se posicionar estrategicamente.
Não importa se o termo adequado é “TI alinhada” ou “TI integrada” ao negócio, porque TI tem é de estar relacionada com toda a empresa e ao negócio da empresa, e isto é posicionamento.
Qual a diferença entre um bom e um mau profissional de TI? Como progredir na carreira?
Sílvia Somenzi: O bom profissional enxerga o trabalho dele como parte de uma estratégia e entende que precisa colaborar com todas as partes com quem interage e se relaciona. Mostra responsabilidade ao agir pensando que o resultado é de todos, fazendo o que diz que faz, sendo o que diz que é. O outro tipo é o que está focado apenas em si próprio.
Para progredir, é necessário estar sempre preparado para fazer o seu melhor em qualquer processo que esteja envolvido, saber pensar nos outros quando atua e sempre lembrar que a sua palavra é o seu real e único patrimônio no mundo dos negócios.
Como foi 2007 para a Soluzzione?
Sílvia Somenzi: Foi um ano excelente para crescimento, posicionamento e para abertura de novas frentes de atuação. Articulamos e planejamos detalhadamente 2008, e estamos cada vez mais percebendo a importância da opinião dos clientes na forma de atuar, nos alinhamentos de nossa estratégia e em como podemos contribuir mais. Podemos dizer que “ouvir” foi a nossa palavra em 2007. Em 2008 a palavra é “foco”.
Nestes quatro anos da empresa, o que é mais importante, é ter o retorno de que os nossos parceiros e clientes percebem que juntos fazemos acontecer. Isto é, para nós, fazer a diferença.